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Alimentação saudável pode ajudar no combate aos transtornos mentais
Raphaela Ribeiro
Alimentação saudável pode ajudar no combate aos transtornos mentais

Há um ano e três meses o mundo vem enfrentando os efeitos da pandemia de Covid-19. Além dos impactos na saúde pública, na economia e nos direitos sociais, o coronavírus também afeta o psicológico de milhares de pessoas. Não é à toa que o número de indivíduos que sofrem com transtornos mentais como ansiedade, depressão e estresse aumentou no último ano, principalmente no Brasil.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de transtorno de ansiedade no mundo ( 9,3%) e a quinta maior taxa de depressão ( 5,8%) . Fatores como desemprego, pobreza e aumento da carga de trabalho acabam pesando na balança, e isso gera os comuns sintomas como dificuldade de concentração, problemas no sono, preocupação excessiva e alterações no humor, como apatia, solidão, tristeza, além de dores sem justificativa física.

Entre as inúmeras formas de mitigar os sintomas desses transtornos, além do importantíssimo acompanhamento médico, está a alimentação. É o que aponta um estudo recente da Universidade de Manchester, no Reino Unido, que revelou evidências de que uma dieta equilibrada e baseada em frutas, legumes e verduras reduz de forma significativa os sintomas desses males.

Acontece que alguns grupos de nutrientes presentes nesses alimentos ajudam na produção de serotonina, hormônio da felicidade, o qual origina uma sensação de bem-estar físico e mental, controla emoções, diminui o nível de estresse, auxilia na regulação do sono, entre outros inúmeros benefícios. A ausência desses nutrientes, contudo, pode acarretar em processos inflamatórios no sistema nervoso, o que pode gerar a morte de neurônios, facilitando assim o aparecimento de distúrbios mentais.


Alimentação saudável e sensação de bem-estar

Segundo Adriana Stavro , nutricionista especializada em saúde e bem-estar, a pandemia e a mudança brusca na rotina das pessoas – que fez com que os níveis de estresse e ansiedade aumentassem – influenciou também na hora de se alimentar. Com o estresse houve uma baixa dos níveis de serotonina, hormônio que é sintetizado no sistema nervoso central e produzido a partir da ingestão de açúcares e gorduras. Com isso, milhares de brasileiros encontraram refúgio nos doces e nos alimentos gordurosos em busca de alimentos “que dão uma sensação de felicidade”, revela a nutricionista.

De acordo com Stavro, apesar desses alimentos serem deliciosos, eles são inflamatórios e não trazem benefício algum para nossa saúde tanto a curto prazo quanto a longo prazo. Logo, a sensação de bem-estar é passageira. Stavro ainda ressalta que uma alimentação inadequada prejudica a nossa saúde intestinal, que influencia em todo o funcionamento do nosso corpo e mente.

Nutricionista Adriana Stavro ressalta a importância da alimentação saudável / Foto: Assessoria

Para a nutricionista é importante que a população tenha consciência de que precisamos cuidar da saúde e de que a alimentação é essencial nesse processo. “Tudo começa pela boca, a gente precisa ter uma boa alimentação e claro, junto com a alimentação, é a qualidade do sono, é a qualidade do dia a dia, do estresse, tudo isso também tá envolvido. E a alimentação tem uma ligação com tudo isso”, afirma.

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Para romper com este problema da alimentação prejudicial, é importante conhecermos e consumirmos alimentos saudáveis que fazem bem para o nosso corpo e que ajudam na sensação de bem-estar. Esse é o caso de alimentos ricos em probióticos, triptofano, magnésio e vitamina C. Esses nutrientes ajudam a regular a flora intestinal e aumentam a produção de serotonina, influenciando assim nos sintomas dos transtornos mentais como a ansiedade  e o estresse .

No grupo dos probióticos, podemos encontrar alimentos como iogurtes, leites fermentados e até queijos, que podem ajudar na melhora da absorção de nutrientes. Já no grupo do triptofano, um aminoácido essencial que o corpo humano não é capaz de produzir, encontramos os ovos, peixes, oleaginosas e os cereais, além da banana, do abacate e da aveia.

Além desses alimentos, temos as verduras escuras como brócolis, rúcula, agrião, que são ricas em magnésio – que ajuda no processo de conversão do triptofano em serotonina. Temos também a vitamina C, que possui propriedades antioxidantes essenciais para combater o estresse. Você a encontra principalmente em frutas como tangerina, goiaba, acerola e limão.

Organização e preparo como aliados para uma alimentação saudável

Inserir esses alimentos saudáveis na dieta pode não ser uma missão fácil, já que a praticidade é essencial em tempos de home office e isolamento social. Com o cansaço e a correria do dia a dia, queremos alimentos que deem menos trabalho na hora de preparar.

Para a nutricionista Adriana Stavro, uma das principais ferramentas para conseguir aderir uma alimentação mais saudável no dia a dia é a organização. Entre as dicas que a profissional deu ao Guia da Cozinha, está a escolha dos alimentos que serão usados na semana, o pré-preparo e o congelamento de alimentos.

“A organização é o foco. A gente precisa ter um cardápio, que não precisa ser aquele cardápio maravilhoso, mas saber minimamente o que vai consumir durante a semana para chegar no supermercado e saber o que precisa comprar, para não sair comprando aleatoriamente. O segundo passo, é a gente ter praticidade nas preparações. Então, a pessoa não precisa cozinhar feijão todo dia, ela pode cozinhar feijão e congelar em pequenas porções, a mesma coisa com os legumes. Isso facilita muito a vida da gente. É por isso que esse pré-preparo dos alimentos, essa organização prévia, é muito importante para que a gente tenha uma rotina alimentar mais saudável”, explica.

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