Na França, crepe a qualquer hora
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| 03/03/2011 09:00:12
Clássica da cozinha francesa, a massa leve ganha recheios salgados e doces. Confira duas receitas
Panquecas para os brasileiros, pancake para os norte-americanos e crepe para os franceses. Muitas culturas preparam essa massa fina em forma de disco, feita basicamente de farinha, ovos e leite. Nos Estados Unidos, elas são apreciadas no café da manhã. No Brasil, ganham status de prato principal no almoço ou jantar . Entre os russos, a massa leva o nome de blinis. Fazem-na bem pequena para ser apreciada com creme azedo no chá da tarde. E os franceses... Bem, os franceses consomem crepes em qualquer hora do dia. Embora semelhantes, esses preparos guardam sutis diferenças.
Espécie de pão achatado e redondo, panquecas e crepes estão entre as receitas mais antigas de que se tem notícia. Há cerca de 10 000 mil anos já se cozinhavam bolas de cereais em pedras quentes. Mas a história dos crepes propriamente parece ter início com os romanos, que o chamavam de crispus , em latim. Há indícios de que desde a Idade Média os crepes mantêm a mesma forma simples e rápida de preparação. Na prática, o crepe leva mais ovos e menos farinha do que a sua prima-irmã, a panqueca. Portanto, a massa se torna mais aerada e mais fininha, sendo pincelada geralmente com manteiga.
Com o passar do tempo, o crepe foi ganhando na França recheios diversos, doces ou salgados, de acordo com os gostos regionais. Podem ser servidos em meia lua, dobradas em quatro partes como um envelope, enroladinhas ou com jeito de trouxinha. Há creperias em cada canto do país, mas é na Bretanha, no norte da França , onde elas se sentem em casa. Lá são chamadas de galettes bretãs e preparadas com o escuro trigo sarraceno. Por isso são mais espessas que as tradicionais crepes e aparece em receitas salgadas, como as que levam ovos e bacon, ou doces, com frutas e geleias.
Tanta tradição fez com que os franceses criassem até festa para o crepe. Durante o “mardi gras”, a “terça-feira gorda” do feriado do Carnaval, crepes saltam das frigideiras, num gesto de malabarismo, carregadas com um pedido. Se cair aberto e do lado certo, acredita-se que o desejo será atendido. “Nas primeiras lições de culinária de uma criança francesa estão certamente os crepes, faz parte do gosto da infância”, diz o francês Pierre Murcia, proprietário do Bistro Crêpe de Paris , em São Paulo. Segundo ele, os crepes representam 30% dos pedidos da casa, cujo cardápio também comtempla outras receitas de bistrô. "Os clientes gostam do crepe paris, com fatias de queijo brie, geleia de damasco e nozes ( veja a receita ), e o mônaco, preparado com filé mignon ao molho rôti, champignon e salsa.
O crepe francês mais famoso é também um clássico da cozinha internacional: crepe suzette ( veja a receita ). Receita doce flambada com licor de laranja, foi criada pelo chef francês Henri Charpentier, de Monte Carlo, no Principado de Mônaco, no século XIX. Por engano, Charpentier teria flambado a calda do crepe, antes de servi-los para a mesa do Príncipe de Gales, que tinha como convidada uma senhora chamada Suzette. Chegou ao Brasil nos primeiros hotéis do Rio de Janeiro e de São Paulo já no final do século XIX e início do XX. No bistrô paulistano Chez Fabrice tornou-se um hit entre as sobremesas, servido com sorvete de creme.